A Eurovisão já não é o que era - é verdade! No entanto, ao longo dos anos deixou-nos muito boas memórias (tentaremos sempre esquecer as más) e esta é uma delas.
Lembro-me de estar a ver o Festival RTP da Canção em 1996 e um amigo dos meus pais dizer:
- O que é que a Maria do Amparo está a fazer na TV? Voltou a cantar? - Ao que a minha mãe respondeu:
- Só se a mulher tiver conseguido manter-se igual ao que era há 20 anos.
Foi essa ineludível parecença com a mãe que nos fez parar e ficar a ouvir esta menina doce. Porque todos conheciamos a Lúcia, todos. Ela entrava nas nossas casas todas as semanas pela mão dos pais (depois apenas do pai quando a mãe deixou de atuar em público) quando era pequenina e cresceu connosco. Só desapareceu para estudar.
Na Eurovisão conseguiu dar-nos a melhor classificação de sempre (um 6º lugar) e foi, provavelmente, a última vez que mereceu a pena ver o certame musical para muitos portugueses.
Ponho-vos a canção e a letra, tal como trabalhámos na aula, para poderem ver exemplos dos tipos de música da lusofonia que esta canção versa. Letra do José Fanha (devem conhecê-lo do filme "Adeus Pai") e música e orquestração do Pedro Osório. Mas depois propor-vos-ei um exercício de investigação.
O Meu Coração Não Tem
Cor
(José
Fanha/Pedro Osório)Andamos todos a rodar na roda antiga
Cantando nesta língua que é de mel e de sal
O que está longe fica perto nas cantigas
Que fazem uma festa tricontinental
Dança-se o samba, a marrabenta também,
Chora-se o fado, rola-se a coladeira P'la porta aberta pode entrar sempre alguém,
Se está cansado diz adeus à canseiraVai a correr o corridinho que é bem mandado e saltadinho
E rasga o funaná, faz força no malhão
Que a gente vai dançar sem se atrapalhar
No descompasso deste coração
(E como é? E como é? E como é? Vai de roda minha gente, vamos todos dar ao pé)
Estamos de maré, vamos dançar, vem juntar o teu ao meu sabor
Põe esta canção a navegar que o meu coração não tem cor
Estamos de maré, vamos dançar, vem juntar o teu ao meu sabor
Põe esta canção a navegar que o meu coração não tem cor
Andamos todos na ciranda cirandeira,
Preguiça doce e boa, vai de lá, vai de cá
Na nossa boca uma saudade desordeira
De figo, de papaia e de guaraná Vira-se o vira e o merengue também,
Chora-se a morna, solta-se a sapateia
P'la porta aberta pode entrar sempre alguém
Que a gente gosta de ter a casa cheiaVamos dançar este bailinho, traz a sanfona, o cavaquinho
A chula vai pular nas voltas do baião
Que a gente vai dançar sem se atrapalhar
No descompasso deste coração(Hey! E vai de volta, vai de volta, p'ra acabar)
Que o meu coração não tem cor